Medellin I Colômbia
Flores, fondas e finca-pés

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Se a Colômbia tivesse começado em Medellin teríamos passado todas as viagens de phones nos ouvidos a ouvir Joe Arroyo, o grupo Niche, Ruben Blades (mesmo sendo panameno), já saberíamos dançar os passos mais complicados da salsa colombiana, teríamos visto o Cantante e a novela do Joe. Se tivéssemos chegado primeiro a Medellin saberíamos de cor os Pecados de mi Padre, El Patron del Mal, Pablo Escobar, e de todo o cartel. Reconheceríamos La Vendedora de Rosas e avistaríamos La Sierra Muerte. Saberíamos também que as carreteras deste país estão transitáveis desde que Uribe deu o murro na mesa e pôs militares a escoltar cidadãos. O mesmo Uribe que vingou o pai e fez a Colômbia vingar, que correu com guerrilhas, que armou fincas e paramilitares em nome de um bem que acabou em mal. Uribe amado, Uribe odiado. Mas mesmo já não estando no poder, é bonito ver os colombianos de dedinho polegar no ar a fazer “fixe” aos militares de berma de estrada.

E tudo isto voltaríamos a saber pelo Cesar. O Cesar é o irmão da Maria que deixou Bogotá pela cidade da eterna Primavera, a mesma cidade onde as pessoas são mais para as outras, onde não se sentem tanto as diferenças, onde o sol nos deixa a todos de bom humor. O Botero só poderia ser de Medellin, porque só tanto sol, tanto verde e tanta Primavera têm uma graça tão fresca. Andamos três a apanhar este sol, a Rita também está cá. Voltamos aos vestidos e às sandálias e esparramamos pelo jardim botânico, pelo parque da ciência, mas o melhor é mesmo chegar ao centro.

Medellin tem praças de roliços a vender arepas a rebentar de calorias, a comer arepas a rebentar de calorias, que sabem tão bem. Medellin e as picadas de todas as carnes, morcelas e croquetes, que sabem tão bem. Medellin, a passear pelos jardins de gordinhos esculpidos, que só podem ter comido muito bem. E nós, gordinhas, picamos aqui e ali, que as coisas de rua têm sempre outro sabor. é uma cidade tão viva que dá vontade de a vivermos toda de uma vez só, de a engolirmos de uma só vez. Subimos pelo metro-teleférico até à comuna mais alta, Santo Domingos, e quanto mais se sobe, mais gente, mais casas, mais bulício. Estamos na favela e os catraios pincham e chapinham na piscina lá do alto, seria um luxo para muitos, aquela piscina com vista panorâmica sobre toda a cidade. Outros andam de patins em linha e atiram-se a rampas grafitadas de flores, até aqui há Fridas Khalo nas paredes e entre as casas rasteirinhas de sopé de montanha ergue-se a Biblioteca Espanha. Foi o rei de Espanha que a ofereceu à comuna, dois grandes maciços escuros de vértices irregulares e janelinhas tortas que todo o dia enchem para os miúdos fazerem os trabalhos de casa, tocarem nos livros, irem à internet.

Descemos, agora estamos sempre mortinhas para ir ter com o Cesar. Vamos às fondas esta noite, mas esta é a noite em que cem fondas fecham, porque se portaram mal, fizeram muito barulho, muita festa. E fícamos nós no Jeep do Cesar, a dizer “ohhh” a todas as portinhas e janelinhas coloridas, todos os alpendres de vasos pendurados e ar rufião. O Cesar não desiste, de certeza que estará alguma aberta, vamos às de baixo, às de cima, a uma mais escondida, à maior de todas e todas estão fechadas em Sabaneta. Mas o Cesar não desiste e é já em Medellin que damos com um cantinho fonda num restaurante típico de Antioquia. A música “despechada”, o tonzinho dos “Mariachis”, a comida mais deliciosa de todas e aquela decoração entre o abarrote, o chucito, o arraial.

Prometemos acordar cedo para tomarmos juntos o pequeno-almoço, o Cesar tirou o dia para nós, e às dez da manhã já estamos sentados a partilhar um calentado, que não é mais que um arroz de feijão, do dia anterior, reforçado com carnes desfiadas, do dia anterior, um ovo a cavalo e patacones. Uma espécie de roupa velha à colombiana. Mas este é só o inicio do dia, e valha-nos a pratada para subirmos as 740 escadas da Piedra del Peñol ou de Guatapé, uma subida de cortar a respiração pelo entrecortado do lago, pelas encostas, pelas casinhas encostadas, pelo horizonte de verde e mais verde. Do alto, Peñol e o vizinho e rival Guatapé, dois pueblos a disputar a mesma pedra. Tudo bem que a pedra é um monólito de 220 metros e que a receita da turistada tem de ir para algum lado, mas daí a escrever o nome do pueblito no pedregulho, já é um bocadinho para o possessivo. Ficamos do lado de Guatapé mal chegamos a Guatapé, o pueblito más hermoso de todos os pueblitos. Poderia ser uma vilazinha colonial como tantas outras, mas Guatapé pintou zócalos nas paredes de todas as casas, das igrejas, dos parques de estacionamento, dos fontanários, e se vamos à padaria é pão que vemos esculpido, se vamos ao salão de jogos é um bilhar, se vamos à costureira são máquinas de costura Singer. Mas também há os que não fazem sentido nenhum, as flores, os barquinhos, as ovelhas, as zebras, os saxofones. Ficamos por ali o dia todo, damos a volta ao lago, voltamos à vila, mas da vila à cidade grande são duas horas de caminho e hoje é noite de salsa em Medellin, vambora!